Como conduzir a difícil decisão de escolher entre cuidar do idoso em casa ou procurar uma moradia coletiva?

Em posts anteriores já foi citado que, com o aumento da longevidade e a queda da natalidade, muitas famílias têm enfrentado momentos difíceis de decisão sobre o melhor encaminhamento para seu ente querido idoso. Além disso, houve mudanças na configuração familiar e o papel da mulher como cuidadora também tornou-se mais raro. Com isso, quando a situação torna-se crítica em função da necessidade de mais cuidado, fatalmente é preciso debruçar-se sobre as alternativas e avaliar quais são viáveis no contexto social e econômico. Geralmente há resistências sobre o encaminhamento para moradias coletivas por duas razões, essencialmente: a primeira é que os modelos existentes não são muito atraentes e as raras exceções podem ser ou muito caras ou não disporem de vagas. A outra razão incide sobre a culpa que muitos sentem por associarem quaisquer moradias a asilos, embora não possam dar a atenção que deveriam pois também não podem abrir mão das próprias vidas.

A hipocrisia natural de toda sociedade que se baseia num modelo colonial, onde a mão de obra é pouco valorizada, ainda condena muitos a organizarem seu tempo e recursos para essa finalidade, de modo a que não haja julgamentos. Porém, é preciso avaliar o quanto de qualidade se oferece ao idoso e o quanto se retira dos mais jovens. Não defendo aqui a expulsão de idosos do seio familiar, muito pelo contrário: quando há uma valorização desse indivíduo, colocando-o como um agente ativo na organização doméstica, não só ele estará feliz como fará o grupo feliz, mesmo que algum cuidado seja necessário.

Estar ativo significa produzir, ter opções e realizar atividades úteis ao grupo, o que normalmente se exige também dos filhos nas famílias contemporâneas. Portanto, manter o idoso em casa ou optar por uma moradia coletiva especializada requer atenção para a condição que não se interrompam rotinas desejadas, que mantenham a autoestima em alta e ofereçam bem-estar. Portanto, colocar o indivíduo no centro da decisão, especialmente considerando sua opinião sobre o assunto, pode amenizar conflitos e tornar a transição mais equilibrada para todos. Afinal, por que sentir-se culpado se a intenção é a melhor possível para que se mantenham firmes e fortes os laços que os unem? Moradias coletivas ou unifamiliares que mantenham a dignidade dos seus ocupantes serão sempre os argumentos mais importantes diante desta difícil decisão.

 

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