Permanecer na moradia original pode ser, para muitos, a garantia da manutenção de objetos e de relações sociais consolidadas, além da sensação de controle sobre um território reconhecível. Porém, ao longo do tempo, a dinâmica familiar muda e as necessidades também, tornando a permanência sujeita a riscos se não houver cuidados que garantam segurança. Envelhecer no lugar é um tema que tem sido estudado por pesquisadores dedicados à Gerontologia, tais como Beltrina Côrte e articulistas do Portal do Envelhecimento (https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/aging-in-place/).
Aging in place é a capacidade de viver em casa e comunidade com segurança, independência e conforto, independentemente da idade, renda ou nível de habilidade.
Estudos em Gerontologia Ambiental apontam a importância de garantir ao morador idoso as boas condições de agência e de pertencimento, quando ele é capaz de tomar decisões sobre sua rotina diária e sente-se parte da comunidade onde está inserido.
Grande parte da população prefere envelhecer no lugar onde vive, e onde estão suas principais referências, como amizades, serviços, supermercados, farmácias, igreja que frequenta, afinal, envelhecer onde se vive permite uma contínua participação social, além de ajudar na manutenção da independência e autonomia.
Muitos países contam com iniciativas que permitem uma boa condição de permanência na própria casa, investindo em programas que dão suporte à saúde desde atendimento médico até serviços de limpeza, mas principalmente focando no necessário acompanhamento psicológico de moradores que moram sós, evitando a institucionalização prematura.
Voltando ao Brasil, tanto as parcas políticas públicas existentes sobre moradia quanto o investimento feito pelo mercado têm focado em modelos institucionais de modos de morar, realocando as pessoas à medida que a saúde e capacidade funcional delas diminuem.
Para a Organização Mundial de Saúde, o conceito de aging in place traduz o desejo de envelhecer num ambiente adequado às mudanças ao longo do processo de envelhecimento.
Segundo a OMS, a compreensão deste conceito implica a necessidade de adaptação do ambiente físico e social à vida quotidiana ao longo do tempo, até porque à medida que se envelhece, passamos mais tempo em casa e nas suas cercanias, fato que reforça a relação com o ambiente que nos rodeia.
Escolher como e onde morar nem sempre é possível, mas ficar atento às boas condições de permanência pode garantir uma longevidade mais saudável. Ser modular e observar os espaços de vida para aperfeiçoá-los é uma boa iniciativa para conferir segurança e conforto na moradia. Além disso, à medida em que houver mais políticas públicas voltadas para o segmento idoso, melhores serão as condições para envelhecer em casa.