Olhar pela janela da internet já se tornou um hábito para muitos, com sistemas mais amigáveis a cada novo passo na evolução da informática. Facilita a comunicação entre amigos e familiares, além de oferecer informações atualizadas sobre absolutamente tudo, embora nem sempre sejam confiáveis. Os sites de relacionamento têm se multiplicado e abordam diferentes perfis de usuários, o que caracteriza o aumento da solidão causada pela intensa individualidade em grandes cidades, principalmente na velhice. Mesmo que a atual geração de idosos ainda esteja na transição para o uso rotineiro das novas tecnologias de informação e comunicação, a tendência é que se tornem mais corriqueiras e se apresentem como uma solução para os solitários.
Podemos acompanhar uma história fictícia que, apesar da perspectiva desastrosa, acabou com final feliz. O filme “Um Perfil para Dois” (França, 2017) retrata um idoso de 78 anos, viúvo, que mantem o apartamento onde mora sozinho sempre fechado e desorganizado, e passa grande parte do tempo assistindo antigos filmes da esposa falecida, de quem sente muita saudade. Na tentativa de mudar esse quadro, a filha o presenteia com um notebook e contrata o namorado da neta como professor para que comece a usá-lo. Para demonstrar como fotografar para criar um perfil, o rapaz faz uma foto como exemplo, mas não apaga. O idoso a utiliza, então, para criar um perfil em site de relacionamento e começa a conversar com uma jovem de 31 anos em Bruxelas, que o convida para visita-la. Inseguro em desfazer a mentira, paga o “professor” para que se apresente em seu lugar, e a namora “à distância”. Mas ela decide ir visita-lo também e a confusão se instala, embora termine bem. O casal jovem consolida o relacionamento e criam um perfil para o idoso, que encontra também uma mulher madura para viver um novo relacionamento amoroso.
Mesmo de uma história “água com açúcar” podemos extrair algumas lições. O apartamento completamente abandonado com sujeira, desorganização e fechado foi mudando ao longo da história, em função da perspectiva de romance que o idoso alimentava, mesmo consciente das diferenças. A própria aparência foi mudando, pois usava sempre o mesmo casaco e passou a retirar outros do armário, demonstrando sentir-se vaidoso novamente. Antes justificava sua falta de motivação para sair de casa como sendo agorafobia, mas aos poucos passou a fazer compras e alugou o carro que os levou a Bruxelas para o primeiro encontro com sua “namorada virtual”. Assim, o eremita que antes usava a moradia como refúgio passa a vê-la como um lugar para viver, aproveitando a bela sacada como mirante para a paisagem exuberante de Paris.
Apesar dos riscos de ciladas com oportunistas e de serem preferíveis as atividades ao ar livre e presenciais, não há como negar que a alternativa virtual pode ser um primeiro passo para ampliar o suporte social. O mais importante é que isso se reflita no bem-estar, que pode ser representado por uma moradia confortável e aprazível, resultado de uma vida feliz.
Prezada, uma sugestão: ter um post no site com a “filmografia” que vc comenta, acho que seria muito interessante e atrativo para todos nós. Após ler seus posts dá vontade de ver os filmes comentados. Ki tal ?
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Uma boa sugestão, há outros que têm servido de inspiração há algum tempo. Preciso rever um a um, para compor a filmografia, mas já adianto que tenho mais de 60 vídeos com histórias que envolvem idosos. E novos aspectos virão! Já falei sobre “Conduzindo Miss Daisy”, sobre “Um Amor de Estimação”, e outros bem interessantes… Valeu pela dica!
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