Quando o desejo de estar só consigo mesmo é confundido com a ideia de solidão?

Quando é detectado um estado de abandono, tristeza e distanciamento, em geral define-se como solidão, que pode até acontecer com muitas pessoas próximas fisicamente, mas que não interagem ou estimulam para a participação. Por outro lado, existe o conceito de solitude que, mesmo considerado sinônimo de solidão, é um isolamento voluntário que não implica obrigatoriamente estar em sofrimento, apesar de o indivíduo estar sozinho. De acordo com matéria publicada em blog da farmacêutica Pfizer, solitude é (https://www.pfizer.com.br/sua-saude/envelhecersemvergonha/solitude-arte-de-preencher-o-vazio):

Não ter medo do silêncio, do estar sozinho. A solitude é gostar de estar com você mesmo. (…) Ao encontrar a beleza no silêncio, os pensamentos se organizam e os sentimentos se tornam, aos poucos, mais simples de compreender. É dessa maneira, enxergando a capacidade de ficar sozinho de forma positiva, que se desenvolve uma sustentação emocional para viver em diversos ambientes.

Alex Bretas descreve a trajetória de Karen Hester, que aos 40 anos iniciou com um pequeno grupo de amigos a Comunidade Temescal Creek em Oakland, Califórnia, em 1999. A partir de três casas, aos poucos outras foram sendo anexadas à comunidade. Criaram um senso comunitário integrando atividades e elementos agradáveis a todos, “nesse lugar rodeado de pessoas que se conectam e se importam umas com as outras”, afirmam  (https://alexbretas11.substack.com/p/comunidade-e-vital-para-a-solitude).

Um dos momentos de conexão mais significativos para ela acontece nos mutirões. As pessoas se juntam a fim de trabalhar e cuidar da comunidade e, enquanto fazem o que precisa ser feito, se tornam ainda mais amigas. Ainda assim, Karen não abre mão de frondosos momentos de solitude intencional.

Explica que a intenção de estar só não a afasta da convivência com outras pessoas, mas sim da possibilidade de novas interações em viagens, incluindo as intergeracionais. Saber que tem seu próprio espaço para voltar potencializa ainda mais o que as novas experiências proporcionam com o prazer das viagens.

Nosso corpo não foi talhado para ficar sozinho a maior parte do tempo, como ocorre nas sociedades urbanas, encasteladas e hiperindividualistas em que a maioria de nós vivemos. Devido a essa falta crônica de conexões verdadeiras e senso de comunidade, também sentimos dificuldade em excursionar para dentro de nós mesmos. (…) É extremamente desafiador ficar só (e bem) consigo mesmo no mundo hiper(des)conectado do século XXI. Por isso mesmo, é urgente repensar o design de como vivemos (e como moramos).

Refletir sobre novos modos de morar na velhice é a proposta deste blog, ser modular nas decisões, no modo de compor os espaços de vida e de manter os antigos relacionamentos, sem abrir mão da conquista de novos. Porque o ser humano envelhece e tem um longo percurso de vida para aproveitar, desde que se prepare para ter conforto e segurança para atender seus desejos e necessidades.

3 comments on “Quando o desejo de estar só consigo mesmo é confundido com a ideia de solidão?

  1. A solução perfeita acho que não existe , principalmente pq sempre estaremos projetando uma idade que ainda não vivemos. Mas entendo que viver em comunidade, podendo manter cada um sua individualidade seja o caminho.
    Por outro lado entendo que o idoso deve ter uma atividade para poder ocupar sua cabeça e deixar de lado a solidão.
    O Sesc faz muito bem esse papel , propõe atividades diárias áqueles que já estão na melhor idade , atividades sempre monitoradas .abs

    Curtir

  2. tenho pensado se eh possivel desenvolver esse senso de comunidade nas Instituicoes de Longa Permanencia para Idosos. Observo em alguns equipamentos que as pessoas idosas estao no mesmo ambiente, cercadas de cuidados tecnicos, mas será que isso é suficiente para dar conta da solidao? Como ajuda-los a integrar essa fase da vida, oscilando hora em convivencia, hora “só consigo mesmo”… é uma tremenda oportunidade , não?!

    Curtir

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.