O Natal em família é sempre um momento de resgatar boas lembranças?

Todo ano, o mês de dezembro representa reencontrar familiares distantes, seja presencialmente ou em mensagens de áudio e vídeo. O Natal é uma data para festejar em família, não importa o tamanho, quando até os discordantes combinam uma trégua em função daqueles que já passaram muitas essas datas festivas. Geralmente, os encontros acontecem em torno dos mais velhos, mantendo a tradição e sugerindo que todos vivem em paz e harmonia. Nesse contexto, as “casas dos avós” resgatam lembranças de momentos passados, quando alguns já não estão mais e novos familiares chegam para renovar as famílias. As imagens do lugar tornam esses momentos marcantes e representam muito nesse reencontro, motivando muitas das interações entre diferentes gerações. 

O arquiteto André Gomes registrou fachadas de “casas de vó” que encontrou em São Paulo, publicando em rede social: houve muito interesse, demonstrando o quanto essas imagens faziam emergir lembranças pessoais de momentos em família (https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2022/11/29/casas-de-vo-mantem-charme-em-sp-e-ele-bombou-no-instagram-com-suas-fotos.htm). Mesmo não sendo esse o objetivo do fotógrafo, sugere a importância de se perceber a presença desses objetos urbanos, alguns carecendo de mais cuidados de manutenção, mas mesmo assim, contando histórias que, certamente, são tocantes para aqueles que os utilizaram principalmente nos momentos mais marcantes da vida em família.

O Natal em família nem sempre é um momento de resgatar boas lembranças, considerando perdas e carências vividas onde tradicionalmente ocorrem as reuniões. Porém, na moradia dos avós há elementos que, desde a infância, muitos descendentes mantiveram na memória, podendo ser materiais como os pequenos objetos de decoração, as toalhas de mesa, as louças e os enfeites de Natal, até os imateriais, como o cheiro do peru assado e o sabor dos doces, sempre repetidos nas festas tradicionais. A memória afetiva caracteriza os vínculos e o senso de pertencimento ao grupo familiar, sendo um elo que fundamenta a história de cada pessoa, especialmente quando for idosa. Quando os mais velhos estabelecem seu lugar de vida para acolher os entes queridos, permanece viva a corrente que os une, estabelecendo os princípios que propiciam essa convergência para festejar, para os cristãos, o aniversário de Jesus.

Que este Natal traga paz e harmonia depois de um longo período de muita ansiedade, seja pelas instabilidades provocadas pela pandemia e também pela polarização política no cenário brasileiro, que causou tanta discórdia até entre familiares. Que as memórias de outros Natais resgatem bons momentos, regados a conversas animadas pela convivência entre gerações. E que a “casa da vó” represente esperança e união de famílias que se reconhecem nas suas histórias de vida, confirmando a importância da ancestralidade resgatada nesses encontros.

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