Embora ainda pareça uma medida pouco aceita, pesquisadores dos cursos de Gerontologia e de Sistemas de Informação da EACH USP buscam respostas para compreender o comportamento de pessoas idosas com robôs de companhia (https://jornal.usp.br/diversidade/cientistas-da-usp-buscam-programar-robos-que-ajudem-no-bem-estar-de-idosos/). A proposta envolve adaptar robôs para três projetos:
O primeiro caso envolve idosos com um grau leve de demência em casas de repouso (instituições de longa permanência para idosos), de forma que as máquinas inteligentes possam ajudar em seu desenvolvimento cognitivo por meio de atividades lúdicas.
Já está provado que a música pode despertar memórias afetivas, estimulando ao deleite ativo ao cantar ou dançar. Além disso, conversar permite que sejam ativados assuntos que permitam a interação entre os moradores e deles com os profissionais da instituição, igualmente exercitando a cognição através do vocabulário variado.
A segunda hipótese levantada é a de que os robôs possam ajudar idosos depressivos que moram sozinhos. A máquina disponibilizaria tarefas lúdicas e aplicaria protocolos que serviriam para realizar uma avaliação preliminar sobre o grau de depressão do idoso.
Do mesmo modo como nas moradias institucionais, o estímulo através de atividades lúdicas pode oferecer dados aos profissionais da saúde para que diagnostiquem a condição emocional do morador, principalmente porque a solidão frequentemente culmina em depressão. Ao oferecer respostas nesse sentido, o diagnóstico pode gerar estratégias que mitiguem situações mais graves, evitando desgastes que poderiam ser evitados.
O terceiro projeto se baseia na autocrítica. A hipótese levantada é de que a personificação de um robô influencia na interação com a tecnologia.
Sabe-se que as máquinas não substituem o contato humano, mas são meios de contribuir com as ações de cuidado. Se os recursos da tecnologia que utiliza a inteligência artificial forem assimilados com mais facilidade pelo usuário, os resultados certamente serão mais eficazes, aumentando o conforto e a segurança. As transformações advindas desses recursos encontram resistência para o uso, principalmente por pessoas idosas, que passaram a maior parte da vida laboral sem a utilização de equipamentos dessa natureza. A aparência personificada poderia facilitar a interação da pessoa com a máquina, e isso será observado nesse projeto.
Repetindo o verso cantado pelo grupo Jota Quest: “o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”, pessoas são imprescindíveis ao cuidado, pois nada supera o olhar humano, o toque e o som da voz. Mas o robô de companhia pode oferecer bem-estar na moradia de pessoas idosas, utilizado como coadjuvante quando a dependência exigir mais atenção, um recurso para racionalizar as ações e alcançar maior efetividade do cuidado.

