Qual a importância da moradia para o acolhimento da intimidade, das emoções e dos desejos de pessoas idosas?

Ter para onde ir no retorno do trabalho, do lazer ou de outros momentos da rotina de quaisquer pessoas, traz sempre a sensação de segurança. Se houver outros com quem se conectar, sejam familiares, amigos ou vizinhos, maior ainda o senso de pertencimento, incluindo profissionais agregados que as recebem e são responsáveis pelo funcionamento de condomínios. E o que dizer da importância da moradia quando a permanência é ainda mais prolongada em função do ócio ou da perda de funcionalidade? Por mais que seja estimulado um envelhecimento ativo, a moradia já é, hoje, uma extensão dos escritórios, dos empreendimentos comerciais e de serviços. A comunicação é instantânea através das redes sociais e a videoconferência quebrou o tempo e o espaço para os encontros de qualquer natureza. Os lugares particulares têm um sentido muito maior do que somente o da privacidade, sendo apropriados de diferentes formas, conforme os desejos de cada morador.

A moradia pode ser considerada abrigo, se ela serve como proteção e “ponto de fuga” para o repouso, especialmente para os batalhadores urbanos que enfrentam a dinâmica estressante das grandes cidades. O mobiliário será aquele que atende aos interesses estéticos e funcionais de cada um, com acessórios igualmente escolhidos para complementar os ambientes. A tecnologia tem acrescentado equipamentos que facilitam as rotinas domésticas e, portanto, a rede elétrica deve ser adequada ao aumento significativo de aparelhos que aquecem, tais como microondas e airfryer, colocados em alturas adequadas para o perfeito alcance na produção de alimentos.

Também pode ser o lugar do deleite, onde são guardadas as lembranças de momentos significativos ao longo da vida, sejam elas registros fotográficos ou objetos coletados para representar essas vivências. Tenham sido ganhos como presentes ou adquiridos em viagens, sempre poderão ser elementos importantes para as memórias afetivas. A arte estimula os sentidos e, portanto, o enriquecimento dos ambientes com objetos tocantes torna ainda mais acolhedores os espaços de vida.

A moradia é o lugar do luto, quando perdas importantes desequilibram as rotinas em função do sentimento de tristeza. Cada novo ciclo, iniciado pela perda de um ente querido, provoca reflexões sobre a importância do que se tem. A vida de uma pessoa idosa é toda entremeada por familiares, amigos e colegas, gente que é lembrada através de fatos que contam sua história. Muitos vem e vão, o que transforma o presente e se reflete nas decisões do futuro. A perda de familiares próximos envolve o sentimento de saudade e as providências para a readequação dos bens materiais que deixam, incluindo objetos que precisam ser redistribuídos, redesenhando essa nova fase da história.

A moradia é importante para o acolhimento da intimidade, das emoções e dos desejos de quaisquer pessoas, mas são as idosas que estão mais conectadas com o lugar onde vivem. Por isso é tão importante refletir sobre as alternativas de moradia na velhice, para que siga sendo o lugar mais importante da vida.

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