Em quais situações a organização da casa facilita a vida até depois da morte?

Quando um parente idoso morre, cabe aos descendentes a definição do destino de objetos e pertences pessoais. Vender, doar, presentear, dividir entre os familiares o que lhes é caro ou útil… enfim, um processo muitas vezes doloroso e com a sensação incômoda de invadir a privacidade de quem não está presente. O luto pela morte já é difícil e o sofrimento aumenta pela necessidade de decidir sobre o que ficou para trás, ressignificando ou eliminando o que antes era caro e importante. Se houver uma organização que permita compreender a importância dos objetos, fica mais fácil destiná-los de modo coerente. Margareta Magnusson, uma sueca de 83 anos, escreveu em “O que Deixamos para Trás – A  Arte Sueca do Minimalismo e do Desapego”, onde oferece dicas de como deixar tudo organizado para morrer com tranquilidade e facilitar a vida de quem fica (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/08/fazer-voluntariado-na-velhice-ajuda-a-evitar-o-declinio-mental.shtml

A premissa dessa estreia literária é simples: ensinar o conceito de “dödstädning” (literalmente, a limpeza da morte), a organização de bens e objetos de uma pessoa no final da vida, com o objetivo de facilitar as coisas para os que ficam. Nada mais característico do coletivista país escandinavo do que propor que se pense nos outros até na hora do próprio fim.

Independente da perspectiva de cuidar para que os descendentes tenham facilidade na destinação de objetos pessoais, a organização da casa igualmente facilita a vida quando a capacidade física está diminuindo. Abaixar-se, acumular caixas e outros objetos de papel que possam mofar, manter equipamentos avariados na intenção de consertá-los e outras “manias” que são desenvolvidas ao longo da vida, resultam em acumulação e risco para a saúde. 

Trata-se de uma forma permanente de organização que permite que a vida cotidiana se torne mais leve. (…) Se cada coisa tem o seu lugar, arrumar se torna a simples atividade de devolvê-la ao se lar.

Caixas organizadoras com tampa, assim como gavetas com corrediças telescópicas, possibilitam estratégias de manutenção que até pessoas com menos força e flexibilidade conseguem utilizar. Prateleiras muito fundas ou altas tornam-se armadilhas que exigem ajuda ou uso de escadas, nem sempre seguras. Além disso, quando há exposição há o acúmulo de poeira ou de umidade, situações que dificultam a qualidade do ar e a saúde de quem permanece nesses ambientes. 

Idealmente, “O que Deixamos para Trás” ensinará aos leitores um conceito valioso da cultura sueca que leva a uma conclusão poderosa: ao aprender a morrer, talvez possamos viver melhor.

Experiências de retirada de objetos pessoais normalmente expõem a intimidade de quem perdeu a vida ou a lucidez. Pensar em como se deseja morar na velhice envolve a vida na sua etapa final, que não será dolorosa quando reconhecida como natural e tranquila se organizada para o bem-estar. Afinal, não se leva coisa alguma quando a morte chega, tão natural e tranquila como antes.

4 comments on “Em quais situações a organização da casa facilita a vida até depois da morte?

  1. São tantas histórias no decorrer da vida, as memórias afetivas que não se quer deixar apagar, a preservação de momentos, locais, pessoas no contexto da história contada desde o nascimento, comemoração que não se quer esquecer!
    Na forma de objetos, fotos, papéis…enfim um sopro e tudo serão lembranças!

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