Na década de 90, poucas eram as fontes de consulta sobre espaços adequados a pessoas idosas. No Brasil, era considerado um tema irrelevante, dificultando pesquisas técnicas que oferecessem algum subsídio para avançar em novas propostas para a realidade brasileira, já com visível crescimento da população idosa. Estudar sobre o ciclo da vida humana através das pesquisas em Gerontologia foi o caminho para compreender as mudanças de desejos e necessidades das pessoas, para oferecer elementos úteis sobre gerontologia ambiental e ambiência. A arquiteta Camilla Ghisleni escreveu sobre isso, apresentando dados concretos de soluções interessantes (https://www.archdaily.com.br/br/989744/envelhecendo-em-casa-preparando-a-arquitetura-para-uma-populacao-idosa).
O papel da arquitetura ao acolher esse público pode ser definido por meio de espaços que aumentem as possibilidades de um envelhecimento ativo com qualidade de vida, independência e sociabilidade, ou seja, ambientes que os integrem entre si e com a sociedade, longe da segregação e estigmatização.
Falar de Aging in Place, traduzido como “envelhecer no lugar”, mais recentemente proposto como “envelhecer na comunidade” pela arquiteta Mariana Nascimento na sua tese de doutorado, não considera somente o imóvel original, mas também outros modos de moradia coletiva sem ser institucionalizada. Condomínios com suporte, residências assistidas, coliving ou cohousing, mesmo ainda não sendo soluções frequentes no Brasil, são algumas das alternativas de como envelhecer na comunidade.
O termo conhecido como Aging in Place abriga as tipologias citadas acima e, em linhas gerais, permite que a habitação incorpore tecnologias que facilitem a vida cotidiana, sem aspectos improvisados ou adaptações, e também sem parecer uma clínica. Dentro do próprio empreendimento, além dos espaços que incentivam a socialização entre os vizinhos e a comunidade no geral, estão instaladas também empresas de atendimento que oferecem cuidados emergenciais e intensivos.
Arquitetos atentos aos novos tempos têm olhado na direção das mudanças que a sociedade exige, especialmente pelas novas dinâmicas que envolvem arranjos familiares diversificados e a longevidade a cada dia mais crescente. A arquiteta Mariana Chao tem desenvolvido soluções para a moradia amigável incorporando tecnologias ligadas a sistemas informatizados ou, simplesmente, utilizando recursos inteligentes com soluções que colocam o usuário no centro, ao atender necessidades individualizadas. Como exemplos, pictogramas auxiliam pessoas que possam ter algum comprometimento da memória, assim como imagens estimulantes oferecem bem-estar para aqueles que permanecem muito tempo em casa, além de recursos de som para garantir o bem-estar.
Entender a arquitetura sob a perspectiva da “nova terceira idade” tem sido um desafio, visto que essa mudança se refere a uma quebra de paradigmas. Que haja mais arquitetos pesquisando profundamente para oferecer bons projetos.

