Que elementos do espaço urbano contribuem para que a cidade seja estimulante para pessoas idosas?

Perambular pela cidade é uma atividade que enriquece pessoas de todas as idades, mas são as idosas que podem ter mais vantagens. A possibilidade de maior tempo livre e o resultado positivo de um exercício variado ao caminhar por diferentes percursos possibilita contar com essa experiência para agregar bem-estar pelo ganho social, psicológico e funcional. Surgem organizações dispostas a informar e trabalhar para isso (https://www.archdaily.com.br/br/981114/como-tornar-uma-cidade-amigavel-para-os-idosos).

A população mundial está envelhecendo e uma das grandes questões que se abrem com essa nova composição etária, com mais idosos que crianças pequenas, é se os municípios estão adequados para que esses cidadãos possam usar os espaços urbanos com segurança e acessibilidade e sentirem-se incluídos na vida social e cívica de suas comunidades.

Envelhecer na comunidade, tradução de Aging in Place defendida pela arquiteta Mariana Nascimento, envolve interações sociais promovidas em encontros nos espaços públicos. Portanto, a caminhabilidade deve ser garantida com calçadas adequadas e travessias seguras, sendo a segurança pública uma responsabilidade não somente dos policiais, mas da própria comunidade, ocupando as ruas ao invés de esconder-se atrás de grades e muros.

Lugares caminháveis e que facilitam o uso do transporte coletivo foram apontados como mais amigáveis para os idosos, pois permitem os deslocamentos e a independência desses habitantes. (…) Vizinhanças seguras para a prática de atividades sociais e esportivas também impactam na qualidade de vida das pessoas com mais idade.

Além de caminhar, os deslocamentos pelo transporte público ou por outros meios garante a expansão de áreas visitáveis. No Brasil, apesar dos esforços dos gestores municipais, somente agora as bicicletas tem aumentado no cenário urbano, principalmente por falta de vias seguras. Somente em parques há triciclos, mas pode ser uma forma de sensibilizar o cidadão para vê-los como um modo seguro de deslocamento no futuro.

Apesar da resistência de muitos cidadãos mais velhos em abandonar o carro para fazer os seus percursos e adotar os novos serviços de mobilidade, como bicicletas compartilhadas, a arquiteta (Kit Krankel McCullough) enfatiza que esse público tem muito a ganhar com o uso dessas facilidades e de acrescentar a caminhada e o ciclismo em suas rotinas. (…) Bicicletas convencionais e elétricas, triciclos e scooters (elétricos ou não) em que o usuário pode ir sentado permitem que os indivíduos experimentem esses equipamentos e passem a usá-los com mais frequência. 

É necessária maior consciência dos gestores de que uma cidade amigável para as pessoas idosas é boa para todos, além de orçamento direcionado para essa melhoria, viabilizando cidades mais amigáveis. Sistemas de segurança inteligentes e campanhas de sensibilização certamente possibilitarão um futuro mais garantido para todas as idades.

2 comments on “Que elementos do espaço urbano contribuem para que a cidade seja estimulante para pessoas idosas?

  1. Comparando o texto com o documentário Zonas Azuis, lembrei de como a mobilidade era importante como atividade física. O movimento de ir e voltar a igreja todos os dias não dependia de transporte publico, escadas com corrimão, elevador nem guardas por todo canto. A comunidade era segura não sei se posso definir assim como “por si só”. O que não tinha também era a afobação de precisar ir correndo cumprir mais aquela obrigação do dia como é a vida moderna, preenchida de tarefas/castigos a serem executados ao longo do dia em troca do direito da sobrevivência. Também não tinham outras vidas em seus carros acelerados no mesmo movimento de sobrevivência, precisando atravessar e atropelar a sua na luta por espaço físico, econômico e social. É o que consigo refletir a respeito…

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