Estando às vésperas de terminar o ano, muitas reflexões podem surgir na lista de desejos em que cada pessoa coloca sua meta para os próximos 12 meses: exercitar-se mais, comer bem desde que seja o essencial, visitar pessoas queridas que não vê há tempo, organizar a casa para desapegar-se de objetos inúteis, fazer um serviço voluntário como compromisso solidário, acordar mais cedo e garantir um sono restaurador, viajar a novos lugares e conhecer pessoas interessantes… enfim, muitos objetivos e, talvez, pouca organização para alcança-los. Se levássemos em consideração que a passagem de 31 de dezembro para 1º de janeiro fosse somente para um novo dia, comemorar a entrada de um novo ano perderia a graça, pois desconsiderar que o ano é novo, descrito por esotéricos e astrólogos como portador de mudanças, desperdiçaria a oportunidade de ativar relações sociais importantes.
No ano em que mudanças no ambiente político brasileiro enfrentam oposições muitas vezes desnecessárias, em função de comportamentos agressivos e manifestações incoerentes, passamos a outro em que se deseja mais progresso e menos ignorância. Nesse mesmo ano, morreu a rainha centenária e assumiu seu filho idoso, com a esperança de alcançar igual longevidade para efetivamente mostrar a que veio. Também continuam as guerras que marcam disputas territoriais, sempre provocando prejuízos incomensuráveis a inocentes que se veem sem alternativas para protegerem-se, vítimas da perversidade de líderes que se colocam atrás de mesas, em cadeiras confortáveis, para decidirem sobre a vida e a morte de quem nem ao menos conhecem. E o clima, por vezes com excesso de calor e em outras com excesso de água da chuva, causou muitos contratempos e finalmente despertou para o que os ecologistas anunciam há muito tempo: mudanças climáticas causam catástrofes e é preciso estar atento para evitar consequências trágicas.
Mas há notícias boas, também. Os direitos das pessoas idosas nunca foram tão discutidos e colocados em evidência, em especial destacando a longevidade crescente, o que demanda políticas públicas e a abertura de espaços na sociedade, quer no mundo do trabalho, quer na participação cívica em suas diversas instâncias. A compreensão de que estamos vivendo mais, com orientações para maior bem-estar em todos os sentidos, incluindo educação financeira e nutricional, trouxe um envelhecimento que permite estabelecer objetivos alcançáveis, com vistas a uma velhice feliz. Perdas funcionais e cognitivas podem ser postergadas e, portanto, o estigma da velhice feia e triste está sendo repensado.
O melhor lugar para envelhecer no futuro que se instala a cada novo dia está na atenção que cada pessoa dá ao seu conforto, considerando a moradia como o lugar das histórias de vida e, portanto, onde cada momento deve ser vivido com plenitude. Será na moradia que envelhecer pode ser uma dádiva e não uma perda, é nela que se depositam intimidade, prazer e segurança, um lugar a ser ajustado a cada novo dia, colocando-se o conforto como um objetivo constante.

