Como os filhos podem preparar seus pais para que tenham um futuro seguro na moradia?

Mesmo que os filhos saibam que apoiarão seus pais quando necessitarem de assistência, nem sempre estão preparados para oferecer o cuidado com a atenção necessária e dispostos a compreender os desejos e necessidades dessas pessoas. Ao compreender que a moradia será o suporte construído para essa fase mais delicada, quando são comuns os conflitos relacionados às decisões a serem tomadas, a abordagem do que seja necessário mudar deve ser consciente, delicada e muito clara, sem tirar a capacidade da pessoa idosa de participar desses momentos. O jornalista Vinícius Lemos consultou especialistas que discorreram sobre o relacionamento entre as gerações (https://www.bbc.com/portuguese/articles/c842z9en455o).

À medida que a idade avança, uma pessoa tende a precisar de cada vez mais apoio, seja em atividades simples do dia a dia ou mesmo uma ajuda financeira – e isso pode cobrar um preço de quem fica responsável por esses cuidados, como apontam especialistas. (…) Um ponto importante nesse período é a forma como filhos encaram o envelhecimento dos pais – e, como em tantas outras fases da vida, não há uma cartilha universal a seguir.

A ausência de educação gerontológica ao longo da vida pode ser um dos motivos dos conflitos entre pais e filhos. A sensação de que há uma troca de papéis quando o cuidado mais atento se torna necessário pode criar um empoderamento que leva ao controle das rotinas do parente idoso, rompendo uma linha tênue que determina o limite da privacidade dessa pessoa.

De um lado, os filhos podem enxergar uma pessoa fragilizada, adoecida e que precisa de cuidados e limitações e tentam proteger seus pais e fazer com que não se exponham a riscos. Do outro, há uma pessoa que não quer perder sua autonomia e que pode até perceber que precisa de cuidados, mas tem dificuldade de aceitar isso…

O que poderia ser denominada de teimosia é, na verdade, um esforço de resistência para garantir autonomia, ameaçada por atitudes protetoras demais que, apesar das boas intenções, podem ferir o respeito devido à história e espaço de vida dessa pessoa idosa.

Uma forma de tornar esse período da vida mais suave é se planejar para o envelhecimento, apontam as especialistas ouvidas pela reportagem. (…) Mas esse planejamento, dizem as especialistas, ainda é pouco debatido nas famílias, que acabam enfrentando cada problema conforme eles vão surgindo.

Ao provocar as diversas perspectivas relacionadas à moradia ao longo da vida nas reflexões de Ser Modular, busca-se exatamente isso: o debate sobre as condições de vida para quaisquer idades, mas especialmente na velhice, quando algumas funcionalidades diminuídas exigem assistência profissional. Apesar disso, é nas relações familiares que repousam as maiores responsabilidades e, ao compreender isso, o planejamento pode antecipar soluções para o futuro previsível. É na moradia que cada pessoa se sente capaz e segura, mas torna-la preparada para as perdas é um meio de evitar conflitos e decepções.

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