A mudança do perfil demográfico da população já está claramente demonstrada em números, através de levantamentos censitários. Mas é nas ruas, principalmente e a cada dia mais, que pessoas longevas são vistas, ativas e altivas, o que oferece um cenário de envelhecimento saudável. O tema da longevidade tem provocado o surgimento de iniciativas sempre muito bem-vindas, envolvendo empregabilidade, intergeracionalidade, valorização de talentos, viagens, eventos literários, moradia… Enfim, o assunto que antes poderia incomodar e ser relegado a segundo plano finalmente é colocado abertamente para reflexões: a velhice é uma etapa da vida para a maioria e precisa ser vista como uma fase a ser muito bem aproveitada.
O enfoque da moradia envolve compreender que políticas públicas de acessibilidade, em especial para melhorar a caminhabilidade na cidade, trouxeram discussões sobre mobiliário urbano, áreas verdes atrativas, travessias seguras e outros elementos que concedam maior estímulo ao uso de espaços públicos por pessoas idosas. Sobre mobiliário urbano, é preciso considerar que a presença de áreas de fôlego ao longo de ruas e avenidas com atrativos, tais como espaços diante de vitrines, serviços de alimentação que se estendam às calçadas, pequenas praças e esquinas ampliadas com bancos, além de abrigos de proteção em pontos de ônibus, são elementos que facilitam a presença de pessoas com algum declínio de mobilidade. Por outro lado, a arborização urbana e a criação de áreas verdes permite maior conforto ambiental através do sombreamento e da umidade, além de compor uma paisagem que atrai pássaros e pode apresentar flores, colorindo o cenário. Travessias seguras dependem de boa sinalização, incluindo elementos sonoros, e de visualização sem obstáculos, pois é preciso enxergar claramente a presença de veículos. Nesse caso, a ampliação de esquinas diminui o percurso da travessia, sendo que a faixa elevada, onde é o veículo automotor que sobe e desce diminuindo a velocidade, permite acessibilidade a quaisquer cidadãos.
Também importante considerar os espaços de vida privados, desde a conexão entre a calçada e a porta de entrada, até a qualidade dos ambientes de repouso, higiene, alimentação e limpeza. Pisos adequados, cores estimulantes, móveis úteis e proporcionais, revestimentos compatíveis com o uso e manutenção e iluminação suficiente para atividades práticas e o relaxamento, além da humanização por elementos complementares que garantam boas lembranças, compõem ambientes únicos para a personalidade de cada morador idoso. Ser capaz de avaliar o que deve mudar para renovação de hábitos que já não trazem os mesmos resultados depende de atualização, de modo a garantir a aceitação para novos desejos e necessidades.
Pesquisar sobre os impactos do ambiente construído na moradia, considerando a habitação, o bairro e a cidade, é importante para que haja a necessária percepção de que as mudanças biológicas podem ser previstas e sempre ajustadas aos modos de morar. Se a tecnologia oferece processos e equipamentos que facilitam a vida, buscar a inovação promove maior aceitação e respectivo aproveitamento de novos modos de morar.

