Buscar a luz do dia é um prazer, especialmente quando o calor do sol enche os espaços de vida das pessoas de todas as idades. Estimula, evidencia cores, aquece e cria formas entre o objeto material e a sombra projetada nas superfícies. Esse jogo enriquece os ambientes, mas quando a noite chega a luz artificial é imprescindível. Antes pelo fogo e depois pela energia elétrica, o ser humano sempre precisou equilibrar o tempo em que está desperto com a quantidade de sono necessária para restaurar a capacidade de desenvolver atividades produtivas. O arquiteto Ciro Férrer apresenta diversas questões, cientificamente comprovadas, que demonstram a importância de integrar luz natural e artificial de modo equilibrado, para uma vida com o máximo de bem-estar (https://revistalongeviver.com.br/index.php/revistaportal/article/view/2/4).

A influência da iluminação na fisiologia humana é tão significativa que, em determinados ambientes, pode afetar tanto o humor quanto o bem-estar. Edifícios que integram a luz natural e artificial têm o potencial de enriquecer as percepções sensoriais e atender às necessidades humanas, promovendo uma vida mais harmoniosa em aspectos biológicos, psicológicos e sociais com o ambiente natural.

Desde os bebês até os super idosos, usufruir da luz natural e regular a artificial para que possibilitem o melhor aproveitamento da visão, exigindo do sistema ocular somente o necessário, aumenta a produtividade sem maiores desgastes. Por outro lado, dormir o tempo necessário e em boas condições ambientais igualmente contribui para esse desempenho.

A má qualidade ou a privação do sono é comparável a uma pandemia na sociedade contemporânea, especialmente em zonas urbanas, comprometendo a saúde humana em diferentes escalas.

Estamos falando aqui do impacto no envelhecimento, visto que a velhice é heterogênea justamente pelas diferenças no bem-estar ao longo da vida. A velocidade da informação em função de dispositivos e processos que a transmite em tempo real é um argumento que seduz a todos, para não dizer que se tornou absolutamente necessário para todo tipo de atividade praticada atualmente.

A pouca exposição à iluminação solar junto à falta do planejamento lumínico de ambientes internos para pessoas idosas, a médio e a curto prazo, podem desencadear o processo de cronorruptura [desalinhamento entre os ritmos biológicos internos de um organismo e os ciclos ambientais externos, como os ciclos de luz e escuridão] do ciclo circadiano. Dessa forma, tais usuários do espaço construído passam a dormir menos, possuem baixa eficiência do sono, aumento do despertar noturno, da latência do sono e maiores níveis de sonolência diurna por não captarem de forma efetiva os estímulos de luz diários.

Organizar os espaços da moradia para que atendam desejos e necessidades de cada indivíduo é mais do que uma necessidade, é também um investimento na saúde e no bem-estar. A luz adequada ao longo da vida é importante para uma velhice com qualidade, tanto mais quanto maior a perspectiva de longevidade.