Pensar na moradia quando se está mais velho, geralmente estável
financeiramente, com filhos encaminhados e buscando conforto, deveria ser
com certa antecedência e seguindo um planejamento prévio. A busca pela
estabilidade pode ser prioridade e, portanto, avaliar diferentes alternativas para
morar só começa mais tarde. Nesse contexto, poucas ainda estão disponíveis
no Brasil, destacando-se as instituições de longa permanência para idosos.
Percebe-se, ainda, muita resistência a essas moradias coletivas institucionais,
mesmo com o aumento da oferta de novos equipamentos com soluções
diferenciadas. Mas sofisticação tem preços igualmente diferenciados,
restringindo o acesso a um público com menor condição financeira.
Permanecer em casa, sozinho ou com outra pessoa idosa, também pode levar
à solidão, a partir da redução das interações sociais. “La Guancha”, o primeiro
projeto de moradia comunitária para mexicanos mais velhos independentes,
apresenta uma boa solução coletiva, reunindo cerca de 15 casais.
Seis já moram no local, onde há planos para a construção de mais nove casas, enquanto os outros vão e voltam, embora a intenção seja permanecer no local pelo resto de suas vidas. O empreendimento foi noticiado no Jornal O Globo.
O depoimento de um desses casais aponta o desejo de ver os filhos livres de
preocupações com eles, a partir da convivência com outros que criam
atividades colaborativas e se mantêm presentes e pertencentes à comunidade.
O casal também quer envelhecer em melhores condições do que seus pais. Os
idosos “nunca recebem os cuidados de que precisam, são muito solitários”, diz
a mulher, cujo pai morreu aos 91 anos depois de passar um tempo em uma
casa de repouso.
A ideia de construir uma comunidade sustentável, com aproveitamento de
recursos naturais e proximidade com paisagens estimulantes, partiu do
interesse de pesquisa em desenvolver um modelo colaborativo e diferenciado.
Para sua realização, foi reunido um grupo que apostou nesta nova
possibilidade.
“La Guancha” nasceu em 2009 como um projeto acadêmico de Margarita
Maass sobre a melhoria da qualidade de vida dos idosos, uma questão que
poderia ganhar interesse nesse país cuja população de 127,5 milhões de
habitantes enfrenta “um processo de envelhecimento moderadamente
avançado”, de acordo com as autoridades.
Outras iniciativas nesse modelo surgiram no México e já foram disseminadas
em outros países latino-americanos. O modelo cohousing ainda não apresenta
nenhum empreendimento no Brasil, mas há grupos formados que pretendem
construir com a ideia de vida comunitária e, portanto, buscando o princípio do
aging in place. São soluções intermediárias e que podem atender aqueles que
desejam segurança e vida ativa, especialmente em convivências produtivas.
Fontes utilizadas:
Envelhecer entre amigos: idosos trocam asilos por projetos de moradias comunitárias no México. Jornal O Globo.

