Qual é o perfil dos residentes em ILPI pública nas diferentes regiões do Brasil?

Apesar das deficiências percebidas no acolhimento de pessoas idosas vulneráveis, em todo o Brasil existem equipamentos públicos que oferecem moradia e atenção. Porém, pela extensão, diferenças culturais e climáticas, diferentes características são encontradas em cada região. A partir de pesquisa realizada entre os anos de 2015 e 2018, as enfermeiras Janine Oliveira e Helena Watanabe, pesquisadoras na Faculdade de Saúde Pública da USP, analisaram as características de moradores em Instituições de Longa Permanência para Idosos públicas, das cinco regiões brasileiras (https://jornal.usp.br/ciencias/maioria-dos-residentes-em-instituicoes-de-longa-permanencia-para-idosos-e-homem/).

Entre as questões investigadas, destacam-se a predominância de homens entre os residentes, em desacordo com a expectativa de vida global que favorece as mulheres; o aumento do uso de medicamentos entre idosos no Sul e Sudeste, possivelmente ligado à maior oferta de serviços de saúde nessas regiões; e o uso indiscriminado de fraldas geriátricas, mesmo por idosos sem incontinência. 

A falta de pessoal treinado, assim como as dificuldades encontradas em locais muitas vezes precários, sugere que o uso de fraldas compensa a falta de tempo e destreza dos cuidadores. Há consequências indesejadas, tais como a menor autoestima da pessoa e o reforço de estereótipos negativos sobre a velhice. 

A maioria era composta de homens, com exceção da região Nordeste, onde havia uma predominância de mulheres. (…) A pesquisa também indicou uma predominância de pessoas pardas e brancas, católicas, com baixa escolaridade, solteiras, sem filhos e com rendimentos de até um salário mínimo, oriundos principais da aposentadoria. A idade mínima encontrada foi de 60 anos e a máxima de 115 anos.

Fica evidente a falta de suporte familiar na maioria dos casos, o que talvez justifique a predominância de homens em quatro regiões. A condição socioeconômica define claramente a necessidade de o Estado assumir o compromisso de atender essa população, conforme determina o Estatuto da Pessoa Idosa.

A segunda parte da pesquisa analisou as condições de saúde e as demandas assistenciais das pessoas idosas institucionalizadas. (…) A predominância de declínio cognitivo entre os residentes foi de 66,8 a 83,5%.

Foram relacionados, também, dados relativos a doenças crônicas e, consequentemente, o uso de medicamentos, o que compromete a funcionalidade para atividades da vida diária. Esse retrato sobre pessoas idosas institucionalizadas em ILPI públicas demonstra o quanto são necessárias políticas voltadas para o atendimento dessa população, quer seja oferecendo atendimento em equipes comunitárias que possibilitem sua permanência por mais tempo na própria casa, seja em melhores condições de acolhimento em moradias adequadas, com vagas e profissionais suficientes para garantir a atenção necessária na velhice.

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