Ainda se percebe uma certa desconfiança quando se fala sobre ambientes amigáveis e profissionalismo em Instituições de Longa Permanência para Idosos, pois segue a imagem de abandono, tristeza e muita fragilidade dos moradores. Na maioria dos casos, a decisão é tomada por familiares e com pouca participação do futuro morador, que leva poucos objetos pessoais a um espaço normalmente compartilhado por pessoas desconhecidas. Mas, se fosse possível um estágio temporário para conhecer os convivas e o lugar, a ideia de mudança poderia ser mais amena. Na série Um Espião Infiltrado, o motivo desse “estágio” não foi com a intenção de mudar, mas motivou uma transformação em relação a esse modo de morar, em especial no momento de maior necessidade de cuidado (https://www.tecmundo.com.br/minha-serie/600118-um-espiao-infiltrado-e-baseado-em-uma-historia-real-entenda-o-caso.htm).
… Um Espião Infiltrado traz a história de Charles, um ex-professor universitário interpretado por Ted Danson que se transforma em um detetive particular. Ele é encarregado de se infiltrar em uma comunidade de cuidados para idosos em busca de um colar bastante valioso.
O protagonista, viúvo havia um ano, vivia sem atividades e relativamente recluso, afastado até mesmo da única filha. Culto e bem informado, costumava enviar notícias recortadas de jornais para a filha, como modo de justificar uma interação com a família. Ela, por sua vez, recomendava que buscasse amigos e cursos, como forma de sair da solidão que o consumia depois da morte da esposa que, segundo é demonstrado depois, sofrera de doença de Alzheimer. Essa ausência em vida causara um grande sofrimento a ele, o que motivou seu isolamento, mas resolveu aceitar um trabalho temporário como investigador, em função do roubo de uma joia na ILPI. A história foi baseada em fatos reais, embora tenha nuances diferentes, tais como o desfecho e o motivo da investigação.
Na história que realmente aconteceu, Chamy era um senhor chileno de 83 anos que foi contratado por um investigador profissional. Ele tinha como objetivo se infiltrar dentro de uma comunidade residencial para idosos, na qual uma moradora estava relatando episódios de maus-tratos por parte da equipe de funcionários.
O interessante e motivo deste comentário é o fato de ter havido uma intensa interação com moradores, os quais apresentavam características que o cativaram e foram criados vínculos nessa convivência, a contragosto do investigador contratante. O aspecto mais impactante foi a existência da ala destinada a pessoas idosas com declínio cognitivo, o que gerava desconforto ao protagonista por ter vivido essa situação com a esposa falecida. Chamado de vizinhança ou neighborhood, uma das amigas que o personagem fez na convivência da casa apresentou mudança de comportamento e foi mudada para lá, o que exigiu que se dedicasse a ela para apoiá-la nessa fase.
O filme tem seus momentos de comédia e outros de delicada sensibilidade, demonstrando que a imagem de tristeza pode ser apenas uma projeção ultrapassada, advinda dos antigos asilos.

