Muitas pessoas percebem que as principais mudanças à medida que envelhecem vão além das funcionais e psicológicas. Há também as sociais e econômicas, pois as famílias se reconfiguram e nem sempre é possível manter o mesmo padrão de vida após a aposentadoria, o que determina a necessidade de ajustar hábitos e modos de vida. Grupos se organizam para viver em comunidades de cohousing, buscando a racionalização de custos e a manutenção do apoio, já que as famílias se transformam seja pela saída dos filhos ou mesmo por viuvez ou divórcio. Nesse caso, o risco de solidão aumenta e a proximidade de outras pessoas com objetivos semelhantes apresenta-se como uma solução viável. A reportagem do canal americano NPR apresenta as vantagens de se optar por viver em comunidades de coabitação, sejam elas intergeracionais ou seniores (https://www.npr.org/sections/shots-health-news/2024/11/29/nx-s1-5210688/lonelieness-epidemic-social-isolation-parenting-cohousing).
Há cerca de 200 dessas comunidades de coabitação em todo o país [Estados Unidos], projetadas para facilitar a comunidade por meio de recursos compartilhados e espaços comuns. Os membros admitem que há muitas compensações em viver tão perto de seus vizinhos, incluindo navegar em uma lista de tarefas compartilhadas e acordos financeiros mútuos. Mas muitos também dizem que encontraram uma maneira de vencer a solidão e o isolamento que afligem tantos americanos — especialmente os pais de hoje.
A formação de grupos não exige que os participantes sejam melhores amigos, mas que se coloquem como vizinhos que compartilham atividades e participem ativamente da comunidade. No caso de famílias com filhos menores, o senso de pertencimento que se forma contribui para o cuidado e o companheirismo, aumentando a segurança e o apoio mútuo.
A coabitação ganhou força nas últimas décadas. A arquiteta Katie McCamant — considerada uma das fundadoras do movimento de coabitação — descreve a importação da ideia no início dos anos 1980 de Copenhague após estudar moradia na Dinamarca. Ela estava planejando arranjos de moradia para sua própria família jovem.
As decisões são tomadas em conjunto e exigem a participação ativa através do compromisso com a gestão do lugar. Os moradores contribuem nas tarefas compartilhadas, o que determina empregar tempo para atender as necessidades coletivas. Igualmente quanto ao emprego do fundo financeiro criado pelos moradores, considerando os custos permanentes e para reformas ou melhorias em espaços comuns.
Viver em comunidade possibilita estender por mais tempo a capacidade de o morador manter-se autônomo e independente, sentindo-se seguro por ter com quem contar e capaz de suportar os custos da sua vida. Pode ser uma solução apropriada para muitas pessoas idosas que vivem sós ou que cuidam de cônjuges mais frágeis, estendendo o tempo de permanência na própria casa.

