Em nosso país, existem apenas dois modelos básicos de moradias para pessoas idosas (Senior Living), compostos pelas Casas Geriátricas e pelas Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas (ILPIs), e algumas outras tímidas iniciativas de apoio nessa trilha da longevidade, como os Centros de Convivência, Centros-Dia e os Hospitais de Transição, compondo esse cenário.

Apesar da RDC 502/21¹ estabelecer graus de dependência distintos, a base da norma é comum a todos acaba penalizando bons projetos e privilegiando projetos que amontoam seus moradores em cubículos. Essa penalização é mais evidente em relação à contratação de colaboradores de limpeza, mas esse tema será motivo de outro artigo.

Vamos apresentar os conceitos globalmente aceitos em países onde há uma consolidação de modelos de moradias, para que o leitor compreenda que o Brasil precisa urgente estabelecer um ajuste de legislação e normas, bem como induzir e fomentar empreendimentos públicos e privados, face ao enorme crescimento da população idosa.

Moradia de Vida Independente (Independent Living): 

Ideia: Baseia-se em permitir que pessoas idosas possam viver em suas moradias habituais de forma independente e autônoma à medida que avançam em seu envelhecimento sem (ou com mínimo) comprometimento das suas Atividades de Vida Diária (AVD’s).

Modalidades:

• Moradia Colaborativa (Co-Living): Uma única moradia coletiva (casa ou apartamento), onde os moradores podem ou não possuir quarto individual, compartilhando estrutura de instalações sanitárias, cozinha, salas e lavanderia.

• Condomínio Colaborativo (Co-Housing): Formado por diversas casas ou apartamentos (condomínio vertical ou horizontal), com áreas de convivência e lazer compartilhadas.

Assistência oferecida: Como vida independente, não há necessidade de assistência ativa, no entanto, alguns empreendimentos oferecem serviços de segurança, limpeza, alimentação, entretenimento, lazer, educação, esportes, beleza e cuidados de prontidão.

Moradia Assistida (Assisted Living Facilities):

Ideia: Com o comprometimento das AVD’s, a pessoa idosa deve ser assistida por profissionais devidamente formados em nível técnico ou tecnólogo, denominados Cuidadores.

Modalidade:

Assistência oferecida: Prestação de serviços de auxílio intermitente ou contínuo por Cuidadores formais, estabelecimento de rotinas de atividades supervisionadas e serviços de segurança, limpeza, alimentação, entretenimento, lazer, atividades educacionais, esportivas, artísticas, de estímulo cognitivo e de integração, inclusão e socialização, prestados de forma própria ou terceirizada, interna ou externamente à edificação, com ou sem abertura desses serviços à comunidade. Nessa modalidade há o monitoramento e a supervisão nas administrações de medicamentos, higiene, e alimentação.

Moradias com Serviços Qualificados de Enfermagem (Skilled Nursing Facilities): 

Ideia: Caracteriza-se pela necessidade de auxílio e cuidados profissionais de enfermagem intensificados e qualificados.

Modalidades:

• Comparável às Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas com Grau de Dependência II.

Assistência oferecida: Enfermagem qualificada e Cuidadores auxiliares em regime contínuo.

Moradias de Assistência à Demências (Memory Care):

Ideia: Essas moradias são desenvolvidas para estabelecer uma melhor qualidade de vida para as pessoas que possuem algum tipo de demência. Os cuidadores e profissionais de enfermagem recebem treinamento específico, pois muitas das pessoas estão fisicamente hígidas, porém, cognitivamente afetadas de forma irreversível e progressiva.

Modalidade:

• Comparável às Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas com Grau de Dependência III.

Assistência oferecida: Enfermagem qualificada e específica para atendimento às demências e cuidadores auxiliares em regime contínuo.

Agora que estamos todos “na mesma página”, nos próximos artigos vamos falar sobre vários outros aspectos que compõem os Modelos de Negócios de Senior Living.

¹RDC 502/2021 é uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que estabelece as normas mínimas de funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).