Cuidados que garantem segurança e conforto para todos na moradia.

Manter-se em casa até quando houver autonomia e independência é o desejo da maioria das pessoas. Embora possa haver a tendência a declínios significativos e a necessidade de cuidado mais intensivo, a permanência na moradia original será sempre preferível, desde que os ambientes estejam adequados para garantir a diminuição de riscos negativos, tanto físicos quanto emocionais, especialmente relacionados às quedas

Quedas na moradia
É comum que as pessoas considerem os tapetes como vilões das quedas, mas é preciso considerar não só a altura ou o deslizamento quando estão soltos. Há posições que não interferem em caminhos ou trajetos frequentes e, se firmes sob móveis ou com base antiderrapante, são responsáveis por uma boa condição acústica do ambiente. Os tecidos em geral, seja em tapetes, cortinas ou estofados, amenizam o efeito de reverberação do som e garantem um efeito mais acolhedor.

Outros itens precisam ser considerados para evitar quedas, tais como fios atravessados e pequenos objetos em passagens, já que o declínio da visão nem sempre permitirá o alerta para desviar desses obstáculos. Portas em armários aéreos ou prateleiras sem outros móveis que delimitem a passagem podem causar cabeçadas e o desequilíbrio, podendo ferir ou causar tonturas. Pequenos animais domésticos, especialmente os que procuram a proximidade do tutor e enroscam nas pernas, também devem ser observados.

O excesso de móveis e objetos, como na imagem ao lado, também pode trazer problemas na circulação dentro de casa.


Apesar de haver memorização dos trajetos pelo uso constante, o que até encoraja para que as pessoas transitem no escuro pelos ambientes, o risco de tropeços aumenta com bases de mesas e cadeiras que se projetam para fora ou objetos complementares em pontos de passagem. Para tanto, os focos de iluminação devem ser eficientes e em quantidade suficiente, evitando brilhos desnecessários ou falta de contraste.

Iluminação e insolação
Luz natural nem sempre está disponível como deveria, pois aberturas pequenas ou outras edificações vizinhas que criam sombras, tornam-se obstáculos até mesmo para a visualização da paisagem. Por outro lado, se houver incidência de sol poente, além de ofuscar superfícies brilhantes pode haver desgastes de materiais, queimados por raios infravermelhos. Cortinas são elementos importantes para regular excessos nesse sentido, sendo que é preciso considerar materiais adequados e cores que não interfiram no restante da composição.

Luminárias de teto geralmente estão no centro dos ambientes, mas outros pontos são importantes para diferentes momentos de permanência. É necessária atenção para escolha de cada tipo a ser usado, considerando cada ambiente:

  • Dormitório: para vestir é necessária luz suficiente para localizar as peças no guarda-roupas e identificar corretamente as cores, mas para relaxar e dormir deve haver menor intensidade e interruptor à mão, para acionar ao lado da cama. Importante lembrar que muitas pessoas fazem leituras antes de dormir, portanto uma luminária que foque o livro é fundamental para garantir a saúde do leitor.
  • Sala de estar: permanecer em atividades sociais exige luminosidade média, de modo a garantir um ambiente acolhedor, especialmente se houver um aparelho de televisão ligado, pois já é um ponto de luz que alterna cores geralmente intensas. O uso de luminárias de parede e abajures qualifica o ambiente com efeitos tranquilizadores e mantêm a visibilidade, mesmo com baixa intensidade e incidentes de modo indireto.
  • Sala de refeições: a saciedade com a refeição está diretamente relacionada com o prazer que o momento exige, visto que não basta o equilíbrio em sabor e quantidade, mas também a aparência do alimento. Nesse caso, a luz que incide sobre a mesa deve ser distribuída igualmente e com intensidade suficiente para a reprodução de cores e identificação dos itens. Luminárias pendentes são indicadas para que esse efeito seja alcançado.
  • Escritório: para atividades de leitura e produção gráfica é necessária luz direta e focada, assim como colocadas de modo a não forçar a visão com excesso de brilho. É necessário evitar sombreamento de luz provocada por objeto ou o leitor que se interponha à superfície de trabalho, assim como o uso do computador tenha outro foco complementar à própria tela, que emite a luz azul, reconhecida como causa de algumas doenças oculares.
  • Banheiro: é um local onde a iluminação geral proporciona uma visibilidade para objetos de uso nas atividades de higiene, assim como a própria limpeza corporal. Para uso do espelho recomendam-se luminárias que foquem a luz para a face, tanto para maquiagem quanto para a retirada de pelos, evitando-se que haja ofuscamento pela incidência diretamente nos olhos.
  • Cozinha: sendo um espaço de produção de alimentos e lavagem de utensílios, exige uma boa iluminação e em diferentes pontos desse ciclo. Sobre o fogão, para o acompanhamento e controle do processo de cozimento, assim como sobre a pia, onde a lavagem dos utensílios exige boa visualização. Importante lembrar que, nesse ciclo, há o armazenamento e o descarte, que exigem igualmente a boa identificação dos itens a serem visualizados.
  • Lavanderia: sendo igualmente uma área de trabalho, é um ambiente que normalmente pode encontrar água derramada, o que já exige uma boa visualização e, portanto, iluminação adequada, mesmo à noite. A lavagem prévia de roupas no tanque diz respeito a manchas ou retirada do excesso de detritos, portanto sobre ele é importante haver luz focada. É preciso lembrar que a incidência de sol sobre a roupa pode causar desbotamento e fragilização dos tecidos, portanto é necessário cuidado, mesmo quando há luz natural e a possibilidade de sol intenso.

Mobiliário proporcional
Os móveis são peças que devem atender às necessidades dos moradores e, portanto, evitam-se excessos. Mas é importante pensar em peças complementares, tais como mesas auxiliares, assentos suplementares e suportes para acessórios que apresentem elementos da memória, buscando versatilidade para essas peças.

Deve ser priorizado o cuidado com quinas vivas, que estejam em locais de passagem e possam agravar situações de pequenos acidentes. O formato e o tamanho das peças, escolhido com o cuidado necessário para serem proporcionais ao tamanho do ambiente, oferecem um bom resultado visual para que a composição atenda sua função. Evitar estofados com espaldares muito altos ou braços largos quando o ambiente restringe o espaço, pois pode comprometer a circulação das pessoas, assim como prejudicar a manutenção.

“Menos é mais!”, como disse o arquiteto alemão Mies van der Rohe (1886 – 1969).

Enfim, cuidados em segurança e conforto para todos na moradia são importantes para que pessoas mais velhas continuem na própria residência por mais tempo quanto possível, garantindo sua independência por mais tempo

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