Morar bem na velhice significa estar em um imóvel grande e com muitos equipamentos?

Texto publicado originalmente em 07/10/2022

Pessoas que estão com carreiras em construção certamente valorizam os momentos de descanso e lazer em moradias confortáveis, considerando conforto como o atendimento às demandas essenciais para o seu estilo de vida. Muitas vezes há o desejo de compor espaços com equipamentos variados para atingir um status que represente o seu lugar no grupo social, o que pode custar um maior investimento em manutenção, seja através de empenho pessoal quanto na contratação de serviços terceirizados. É preciso manter energia e tempo, empregados para manter a boa organização do lugar que será visto como confortável para acolher a família. Porém, quando os filhos já não moram juntos e a família fica reduzida a no máximo um casal, a ideia de morar bem pode ser revisada e tornar o lugar de vida mais confortável e adequado para rotinas com mais tempo livre.

Primeiramente a decisão de diminuir a área física, mantendo somente o que é efetivamente ocupado, facilita a manutenção e não impõe a necessidade de serviços auxiliares. Compor os espaços com os móveis e objetos preferidos, além de cores e revestimentos estimulantes e de acordo com as preferências dos moradores, oferece uma condição de conforto e acolhimento. Quando se optava por uma sala de jantar grande, considerava-se a reunião familiar como prerrogativa para tornar a moradia o principal lugar para a manutenção dos vínculos. Porém, as famílias estão menos numerosas e com rotinas que sugerem encontros em restaurantes, reduzindo o uso de uma mesa com cadeiras que se tornam inúteis. Portanto, repensar utilidade versus espaço livre pode demonstrar que muitos móveis são desnecessários.

Outra questão se relaciona à segurança, já que a cidade é o maior âmbito da moradia, que envolve o bairro onde se encontra a unidade habitacional. Contar com comércio próximo, a partir de trajetos com calçadas e travessias adequadas, onde haja visibilidade e acesso sem obstáculos, facilita o protagonismo e a participação social de pessoas idosas. Igualmente importante o bom relacionamento com vizinhos, visto que o controle social positivo confere mais tranquilidade e segurança aos moradores, estimulando atividades ao ar livre e o uso de parques e praças. Considerar um imóvel bem localizado não depende de ser um bairro com grandes lotes e construções requintadas, mas sim contar com equipamentos de abastecimento e lazer que atendam as necessidades dos cidadãos que configuram essa comunidade. 

Morar bem na velhice não significa estar em um imóvel grande, assim como não está relacionado ao padrão socioeconômico dos vizinhos, visto que é o apoio, o pertencimento e o sentido de comunidade que prevalecerá nas rotinas do dia a dia. Manter móveis desnecessários apenas aumenta a dificuldade na manutenção e exige espaço físico, assim como a tecnologia oferecida por dispositivos de inteligência artificial facilita as atividades da vida diária e torna a moradia mais segura e resolutiva. As mudanças são necessárias antes que fique evidente que serão imprescindíveis, para garantir conforto e segurança no atendimento às demandas pessoais.

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