A Obviedade do Oportunismo em Senior Living

Está havendo uma grande confusão de terminologia provocada pelo Mercado Imobiliário, Imprensa e até mesmo alguns colegas, indicando que Senior Living é Independent Living. Não é! Senior Living é um termo global adotado para todos os modelos de moradias destinados para pessoas idosas. Dentro desse enorme “guarda-chuva” temos o Independent Living nas modalidades Aging in Place e alguns Co-Living e Co-Housing, modalidades mais ligadas ao mercado imobiliário (real estate).

Quando associamos uma camada de assistência temos outras terminologias. As mais comuns são Assisted Living Facilities (ALF), Skilled Nursing Facilities (SNF) e Memory Care, todas essas modalidades também são Senior Living, porém, não mais para pessoas idosas independentes. Aqui no Brasil chamamos essas todas essas modalidades por ILPI e, em muitos casos, agregamos mais o Rehab, que seria algo como os Hospitais de Transição que começam a surgir.

Quis fazer essa pequena introdução para deixar claro essa diferenciação e para termos um mínimo de entendimento sobre a obviedade do oportunismo de algumas incorporadoras lançarem produtos destinados ao público senior.

Tenho observado alguns lançamentos com 300 unidades habitacionais entre 30 a 60 m2 e a explicação de que as dimensões são propositais, para fazer com que a pessoa idosa fique mais tempo nas áreas de convivência, isso para encobrir o fato de que o produto está sendo destinado para investidores e não para os moradores finais. Que terão corredores e portas mais largos e elevadores que permitem circular uma maca em caso de emergência. Que terão salas de jogos com “carteado” e barras de apoio nos banheiros. Ora, isso é o óbvio, é o raso, é o que qualquer não especialista falaria. Prossegue no marketing dizendo que terão enfermeiros (?). Lamento informar que só isso não basta e não caracteriza um senior living.

É sério que alguém pode imaginar que uma pessoa idosa irá morar com dignidade em um espaço de 30 m2 e ainda terá sua individualidade preservada em meio a 300 apartamentos? Ou seria mais fácil imaginar que esse volume de apartamentos chamará a atenção de investidores para o mercado senior e para estes quanto menor o ticket mais atratividade tem o imóvel? Será que vão conseguir alugar esses imóveis para pessoas idosas? Minha humilde opinião é que não, não conseguirão, por vários motivos. Claro que o tamanho importa, globalmente não são aceitos menos que 50 m2, mas não é só isso.

O Independent Living tem por característica da persona a quem se destina a aquisição e não a locação. Isso mesmo, devido ao fato da “entrada” em uma moradia com essas características ser mais cedo (entre 60 a 75 anos) a preferência é por comprar um imóvel e não alugar.

Enfim, não tenho visto nenhum especialista na equipe de elaboração desses projetos. Somos poucos e estamos sempre dando aulas nas principais universidades no Brasil e palestras nos principais congressos de Geriatria e Gerontologia, Gerontecnologia, Telemedicina e Telessaúde, na Longevidade Expo-Forum, na ILPI Expo-Forum e na Hospiatlar Expo-Forum. Ao contrário, com todos que conversei houve uma unanimidade: absurdo!

Sim, existe uma oportunidade incrível no setor de Real Estate voltado ao público senior, desde que o produto imobiliário converse e tenha aderência com as características do morador. Caso contrário será um kitnet com nome gourmetizado para investidores que ficarão com um grande problema nas mãos quando se derem conta de que não conseguirão alugar seus imóveis.

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