Ao assistir o filme “De Bem com a Vida” (Inglaterra, 2007), podemos refletir sobre alguns impactos que são gerados quando um sujeito que viveu a maior parte da vida cercado por familiares, pessoas essas que deixam um vazio quando desaparecem, e passa a morar com estranhos, compartilhando refeições e tendo suas presenças impostas pela convivência diária. A história descreve uma moradia em área suburbana, cercada por bela paisagem e com alternativas estimulantes para aproveitar o tempo livre. No entanto, para o período de festas de final de ano a maioria reencontra seus queridos e vai com eles passar Natal e réveillon. Somente cinco permanecem e se recusam a ir para outra moradia, criando um enorme problema para a proprietária, que pretendia reorganizar o empreendimento. Nesse interim, chega a irmã mais nova, com espírito aventureiro e pedindo para permanecer alguns dias lá, o que foi concedido desde que ajudasse na manutenção da casa. A mãe é hospitalizada e a mais velha viaja, deixando a responsabilidade da casa nas mãos da irmã. Uma moradora, em fase terminal, não tinha para onde ir e conta sua história de vida, igualmente cheia de aventuras e romance. Os outros tinham seus próprios rancores: duas irmãs controladoras e rabugentas, um juiz viúvo e muito irônico e uma atriz famosa e exigente.
As lições mais importantes foram o impacto da morte na vida da irmã aventureira, que passou a valorizar o processo de envelhecimento a partir de boas escolhas, para que a vida valha a pena. Ela também passou a compreender de modo mais tolerante cada “rabugice” dos outros quatro moradores, pois as duas irmãs viveram de modo tão controlado quanto agiam, sendo infelizes por isso. O juiz perdera a esposa, que compreendia sua arrogância e era capaz de completa-lo, sendo amargo pela saudade e inflexível quanto às idiossincrasias de outros. E a atriz vivera um auge de carreira que, com o declínio, a deixou solitária e cheia de carências, pois já fora muito adulada. Como lidar com tal diversidade de sentimentos egoístas? Certamente, sem subserviência! Ao rebelar-se contra as exigências, muitas vezes absurdas, dos quatro moradores, passou a delegar funções a todos, colocando-os ativos. Ao criar objetivos, a transformação começou, inicialmente pelos diálogos e após, por situações mais interativas.
Parece claro que o caminho é esse. Reunir grandes ou pequenos grupos de pessoas com histórias de vida variadas, para que compartilhem momentos de lazer, refeição e, mesmo, de decisão, não é uma tarefa fácil para um gestor que se pretenda bem sucedido. Não basta propor atividades para garantir que haja envolvimento, assim como não basta criar regras e esperar que sejam cumpridas sem qualquer reação. É importante que haja participação, protagonismo e tolerância, assim como que se compreendam que obstáculos podem ter tornado aquelas vidas mais ou menos felizes: a autonomia deve ser preservada, e a individualidade também, de modo a manter a paz e o bom relacionamento em uma moradia coletiva.
Maria Luiza, existem boas moradias para idosos? E estruturas que possam ser pousadas ou roteiros turisticos para idosos?
Obg
Thais Ferraz
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Thaís, existem boas moradias, sim, mas isso depende do que se entende como moradia. E´preciso observar onde, como e porquê se pretende morar em moradia coletiva e pergunto isso porque vc pergunta também sobre pousadas turísticas: penso que seriam duas situações diferentes, pois a moradia seria um lugar permanente para viver e a pousada não, uma permanência transitória… Vc poderia especificar melhor? Estou à disposição, obrigada por participar!
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