Temos encontrado cada vez mais pesquisadores interessados em buscar soluções para moradia de idosos, especialmente por considerar a heterogeneidade da velhice e a falta de opções adequadas às diferentes necessidades. Neste período de pandemia esse tema foi ainda mais discutido, visto que o aprendizado relativo à prevenção demonstrou que os idosos poderiam ser as maiores vítimas, determinando estratégias para que as moradias institucionais mantivessem a melhor condição de bem-estar.
Ao considerarmos pessoas com doença de Alzheimer, as iniciativas para a manutenção de uma boa condição de vida já vêm sendo implementadas há algum tempo, embora na maioria das vezes envolva a contenção para proteger de incidentes inesperados. O artigo publicado no Portal do Envelhecimento (https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/uma-vila-francesa-faz-com-que-pessoas-com-alzheimer-se-sintam-em-casa/) descreve uma experiência recente na França, baseada no modelo holandês que tem inspirado muitas iniciativas ao redor do mundo.
Este estabelecimento para idosos dependentes, que na França a sigla é EHPAD (Établissement d’Hébergement pour Personnes Agées Dépendantes), é único no país e desafiou a epidemia de Covid-19 abrindo suas portas na última primavera para acolher 120 pessoas, além de tantos cuidadores e voluntários e equipe de enfermagem sem avental branco. Inspirado na Holanda, esse modelo de ILPI (Instituição de Longa Permanências para Idosos) funciona como um laboratório e é acompanhado de perto por equipes do Japão e da Itália, dois países que querem adotar esse tipo de centro experimental em seus respectivos países.
A ideia baseia-se na criação de uma comunidade com a menor restrição possível, estimulando a autonomia em um sistema que mantem a proteção, mas oferece liberdade para percorrer diferentes espaços e manter vínculos com pessoas e lugares. O modelo holandês oferece a possibilidade de fazer compras na própria comunidade, mantendo uma rotina ativa.
Na Holanda, o “De Hogeweyk” foi a primeira vila, inaugurada em 2009, perto de Amsterdam. A visão de Hogeweyk sobre o cuidado é baseada na vida cotidiana da sociedade, em que viver significa ter seu próprio espaço para morar e administrar sua própria casa. As pessoas com Alzheimer convivem com outras pessoas compartilhando as mesmas ideias e valores de vida. Isso torna o lugar onde se vive um lar.
No Brasil ainda temos poucas opções, sendo que as ILPIs recebem pessoas em situações diversas de dependência, o que pode significar um atendimento semelhante a todas, mesmo que suas necessidades sejam diferentes. Urgem modelos baseados em novas tecnologias, com diferenciais que permitam a convivência espontânea e de acordo com os desejos individuais. Poder contar com moradores voluntários, que participem das atividades e sintam-se úteis, independe se ele vai lembrar ou não: o que importa é ser feliz.
[…] Que diferenciais poderiam ser oferecidos em residenciais que atendem idosos com doença de Alzheimer… […]
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