É um dito popular que parentes não escolhemos, mas amigos podem estar mais presentes do que muitos familiares quando a ideia é sentir-se pertencente a um grupo ou comunidade. Assim, as propostas de coabitação entre amigos têm surgido com mais intensidade nos últimos tempos, vista a tendência de diminuir o apoio familiar e o desejo de manter-se ativo na perspectiva de continuar trabalhando ou, simplesmente, para usufruir o tempo livre de maneira mais animada. Como no Brasil ainda há poucas opções de residências coletivas que ofereçam condições adequadas a pessoas mais velhas com essas características, iniciativas idealizadas para moradias mais confortáveis e seguras podem surgir entre amigos, ou mesmo na ideia de fazer novos amigos.
De acordo com Silvia Triboni, cohousing é uma habitação colaborativa, surgida como uma resposta social a um problema que afeta, sobretudo, grupos vulneráveis como os jovens ou os idosos (https://www.maturi.com.br/comunidade/cohousing-e-o-novo-jeito-de-morar-e-viver-em-comunidade/). Tornou-se uma tendência ao público 50+, visto ser uma comunidade intencional que reúne pessoas com objetivos comuns e dispostas a compartilhar espaços e atividades colaborativas. Há uma diferença entre cohousing e coliving, especialmente na proporção do empreendimento, já que o segundo normalmente é resultado do compartilhamento de um imóvel maior e que permita a acomodação de um grupo com conforto e privacidade.
O governo da Dinamarca, país de origem do cohousing, apontou resultados sobre as vantagens de viver em uma comunidade sênior, tais como menos medicamentos e idas ao médico, aumento da longevidade e baixos índices de demências.
É a opção para quem quer continuar se desenvolvendo, vivendo a vida plenamente e de maneira independente num ambiente que é mais prático, descomplicado, com certeza, mais econômico, mais divertido, mais interessante e mais saudável do que aquele que qualquer instituição poderia criar.
É preciso atentar para a característica cultural e o temperamento dos dinamarqueses, assim como de outros países com experiências semelhantes, pois o desejo de viver em um sistema colaborativo depende de regras e acordos muito bem equacionados para evitar conflitos, ou para minimizá-los. Mesmo entre amigos, a decisão de morar em comunidade dependerá sempre de tolerância, sendo esse um argumento fundamental para que tudo funcione para manutenção do bem-estar coletivo.
Coabitar com amigos poderia ser a solução para reunir as pessoas conquistadas ao longo da vida e que passam a constituir outra forma de família, como “parentes por parte de vida”. Na velhice, a maioria das pessoas busca paz e sossego, mas sem distanciar-se de outras gerações que representam a continuidade da existência e a manutenção da história escrita pelos ascendentes. Estar em um lugar que possa promover essas situações e ainda criar momentos divertidos entre amigos é, sim, um sonho possível.