Quais os impactos na qualidade de vida de familiares que cuidam de pais idosos e filhos dependentes?

Tem sido cada vez mais frequente encontrar pessoas que afirmam ter tantas responsabilidades com a família que esse compromisso torna o tempo escasso para cuidar de si mesmas. A longevidade aumenta exponencialmente e muitos casos podem exigir maior atenção, em especial em função de perda cognitiva ou de mobilidade, mas também por outros fatores devidos à fragilidade (https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3g7ppnwn0zo).

… mudanças demográficas e sociais em curso no mundo inteiro tornam cada vez mais comum que famílias, em especial mulheres, sejam “prensadas”, ao mesmo tempo, pelas demandas tanto de pais idosos que necessitam de cuidado quanto de filhos — ou mesmo netos — que também requerem atenção constante e sustento financeiro.

Apesar de ser um fenômeno mundial, tem sido crescente no Brasil e, portanto, sugere que esse seja um tema a ser aprofundado, em especial ao considerar a necessidade de apoio biopsicossocial para que essas pessoas tenham um envelhecimento melhor, através de políticas públicas em campanhas e equipamentos que acolham esses cuidadores.

Não há estatísticas precisas sobre o fenômeno no Brasil, segundo especialistas consultados pela reportagem. Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) do IBGE em 2019 apontam que 54,1 milhões de brasileiros com 14 anos ou mais cuidavam de outros moradores da sua casa ou de outros parentes — mas não se sabe ao certo quantos cuidam de duas gerações ao mesmo tempo.

As mudanças nos arranjos familiares têm provocado a diminuição de cuidadores de pessoas idosas, mas há o aumento de avós que cuidam netos enquanto os filhos buscam seu sustento. Esses, por sua parte, têm buscado maior estabilidade financeira e permanecem mais tempo com os pais, além de optarem por ter filhos mais tarde, aumentando a necessidade de contar com familiares para diversas tarefas rotineiras dessas crianças.

No país, assim como no restante da América Latina, o fenômeno tem uma camada adicional de complexidade: segundo os dados levantados pela pesquisadora, a maior parte das mulheres “ensanduichadas” atualmente no Brasil não são apenas mães, mas também avós.

A intergeracionalidade é recomendada, mas nas rotinas domésticas pode torna-se estressante e aumentar o desgaste, especialmente por exigir diferentes estratégias de preenchimento do tempo livre, devidas à mudança de interesses para diferentes gerações.

É importante destacar que a convivência multigeracional também pode trazer ganhos, desde aproximar a família e até permitir que mães consigam se manter no mercado enquanto as avós ajudam com as crianças.

Mas o cuidado pode ser dedicado e também prazeroso, o que resulta em melhores condições de convivência entre todos. Afinal, cuidadores precisam ter tempo para si mesmos, garantindo harmonia e bem-estar.

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