Podemos reconhecer que cidades amigáveis para idosos são aquelas onde haja crianças brincando nos espaços públicos?

Texto publicado em 25/08/2017

Já falamos sobre elementos importantes para garantir a acessibilidade nos espaços públicos, condição fundamental para a caminhabilidade, aspecto dependente de atrativos que estimulem trajetos vivos e ativos. Andar pelas calçadas, cruzar praças e jardins, sentar em lugares estratégicos para contemplar paisagens e pessoas, além de considerar o espaço urbano como lugar do encontro, são motivos que levam os cidadãos a apropriarem-se dos ambientes coletivos. A segurança comprometida pela banalização das relações humanas e agravada pela instabilidade econômica, a cada dia mais tem tornado esses indivíduos reféns em suas casas, supostamente abrigos seguros contra inimigos que se escondem em becos e sombras, gerando verdadeira neurose coletiva.

A reportagem do jornalista Wellington Ramalhoso publicada pelo site UOL (https://tab.uol.com.br/criancas-cidades/#imagem-1) discorre sobre o comportamento de crianças que vivem confinadas em função desse medo que assola os cidadãos de grandes centros urbanos. Ao questionar se a rua é lugar de criança, opiniões controversas esbarram nos perigos do crime e do tráfego intenso de veículos motorizados. Mas também levanta os efeitos da superproteção, que cria pessoas com pouca noção de limites sociais e egoístas em seus desejos de consumo e atenção. Crianças indóceis, pessoas ávidas de espaço para viver sua liberdade criativa e que são vistas como problema, quando a possibilidade de brincar e fazer amigos seria o canal saudável de extravasar energias acumuladas.

“Espaços públicos estimulam o desenvolvimento e a socialização, mas a rua não é mais lugar de brincar em muitas cidades do país. O planejamento urbano precisa incorporar a visão da criança. Uma cidade mais amigável para ela é melhor para todos.”

Ao afirmar que liberdade faz bem, aponta a construção da autonomia como requisito para uma vida produtiva. O espaço aberto estimula o desenvolvimento físico, psicológico e social, portanto o desejo de ter uma velhice ativa deve começar por atividades lúdicas, em qualquer idade. Crianças confinadas perdem a noção das múltiplas possibilidades sensoriais encontradas em áreas externas, desde texturas de pisos e revestimentos até sons e odores importantes para a seleção de experiências. Sugere caronas para caminhar, um modo de grupos vencerem percursos rotineiros entre amigos, com a supervisão de adultos que se revezam no compromisso de acompanhar as crianças.

Ao considerar que ruas mais amigáveis são estimulantes para todos, vemos a construção de espaços públicos com calçadas adequadas, arborizadas e com equipamentos para estar com qualidade, compondo bancos e lixeiras para manutenção do lugar. Mas, mais do que isso, espaços para brincar humanizam e permitem trocas geracionais, garantindo futuros idosos conscientes do seu papel no contexto urbano.

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