Já refletimos em publicações anteriores a respeito da decisão de retirar tapetes em residências de idosos para que não causem quedas. Mas, se por um lado diminui o risco de tropeços e escorregões, por outro a ausência de elementos têxteis pode deixar o ambiente com ruídos incômodos, que seriam absorvidos por tapetes e cortinas. Outro impacto se refere à mudança de objetos que podem representar momentos importantes da história desses indivíduos e, portanto, a simples retirada alteraria a composição estética que os emocionou em algum momento da vida.
Nesse caso, claramente a segurança foi privilegiada em detrimento do prazer estético, mas quando observamos produtos desenvolvidos para o público idoso, fica evidente que a funcionalidade vem em primeiro lugar. Stephen Johnston, cofundador da plataforma Aging2.0 dedicada ao desenvolvimento de produtos e serviços inovadores para o mercado sênior, provoca o tema e afirma que objetos para idosos precisam ser mais bonitos(http://www.plenae.com/artigos/objetos-feitos-para-idosos-precisam-ser-mais-bonitos-diz-stephen-jonhston/):
Ageless design é um meio de pensar e de agir que tem o objetivo de desenvolver produtos e serviços que possam ser usados por pessoas de qualquer idade e classe social.
Cabe aqui compreender o conceito de Desenho Universal, que busca desenvolver dispositivos para todas as pessoas, independente de configuração física e da manutenção de competências. A concepção de novos produtos baseia-se na prática da empatia, que possibilita entender as coisas pela perspectiva dos usuários. A sociedade demanda necessidades e está a cada dia mais longeva. Com a diminuição de filhos por família, pressupõe-se que quantidade deixa de ser prioridade e qualidade passa a ser uma meta do consumidor, em especial o maduro, que conta com menos espaço e orçamento mais exíguo, determinando escolhas mais aprimoradas. A música “Comida”, do grupo Titãs, mostra essa diferença (https://www.letras.mus.br/titas/91453/):
A gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida; a gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida; a gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida; a gente quer a vida como a vida quer.
A moradia é efetivamente o abrigo do corpo, mas também da alma e, se o corpo pede conforto para relaxar, igualmente a alma deseja o acolhimento, o abraço, o prazer. Poltronas devem ter altura adequada, mas também revestimentos que emocionem ao tocar, além de cores que componham o conjunto com harmonia e beleza. A função da arte vai além do simples prazer estético e escolhas determinam o caminho para a felicidade. Querer a vida como a vida quer admite manter tapetes, objetos baratos e móveis avulsos de acordo com os desejos individuais, independente do que possam representar para outras pessoas.
Voltamos ao mesmo assunto que é o “idadismo”, o preconceito com os velhos. Para que pensar em design se ele está no fim? O mundo pensa assim, ” para quem é bacalhau basta”! Vamos sim valorizar o idoso com suas necessidades e desejos, esse é nosso objetivo, a valorização do Idoso por meio do trabalho colaborativo, prazeroso e com justa remuneração.
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