Para idosos que necessitam de ajuda em algumas atividades da vida diária, permanecer com a família, desde que integrado e participante ativo das rotinas, será sempre a melhor solução. Estar acompanhado por cuidadores supõe uma supervisão que garanta a efetiva administração de medicamentos, a manutenção da higiene e a atenção para alertas sobre anormalidades. Quando não há essa possibilidade, a moradia institucional oferece recursos humanos qualificados, oferecendo tranquilidade a todos. Tanto a contratação de cuidadores para a permanência em casa quanto a opção de escolher um residencial especializado exigem planejamento financeiro para honrar esses compromissos, sendo que nem sempre as famílias contam com essa possibilidade.
Neste momento em que o mundo todo experimenta esta trágica passagem de um vírus letal aos mais frágeis, os idosos têm recebido mais atenção da mídia, caracterizando a presença crescente desse segmento na sociedade. A especialista em marketing digital Layla Vallias publicou na Folha de São Paulo um importante artigo sobre esse tema (https://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2020/05/antes-invisiveis-hoje-no-centro-do-debate-a-covid-19-transformou-o-mercado-dos-idosos.shtml).
A gravidade crescente de disseminação da Covid-19 fez a sociedade, em escala global, enxergar as pessoas com mais de 60 anos com um olhar de cuidado e proteção; mas, em muitos casos, com preconceito.
Revela que, ao voltar os olhos ao segmento idoso, a mídia em geral percebeu o peso dessa população como consumidora e, assim, passou a caracterizar produtos que possam ser preferíveis num mercado em busca de reequilíbrio econômico no mundo pós-pandemia. Porém, ao se tornarem visíveis, outros aspectos relacionados com a presença dos idosos passaram a ter importância.
O vírus revelou uma mudança social que já estava em curso, mas que agora tende a se acelerar pela consciência coletiva sobre o tamanho da população madura no mundo.
Quando a família permanece em casa por mais tempo, a visibilidade dos idosos se destaca, seja pela preocupação de mantê-los protegidos ou pela percepção de senti-los parte do suporte social que fundamenta sua existência. Idosos mantidos em casa com familiares de outras gerações passaram a participar das atividades agora limitadas à moradia, com relatos de troca de experiências, de resgate de memórias através de fotos e vídeos, além de reuniões virtuais com parentes e amigos distantes, incluindo aqueles que residem na mesma cidade. Apesar da preocupação com o cuidado constante da higiene pessoal e da casa, da necessária racionalização das rotinas relativas à alimentação e compras em geral, além da recomendação para evitar a aproximação sem máscaras de proteção, percebe-se maior tolerância e carinho com os idosos, um sinal de resgate da história pessoal daqueles que antes passavam despercebidos.