Este ano de 2020 foi de muito aprendizado, especialmente em questões de higiene, pois o simples ato de lavar as mãos teve que ser reaprendido. Calçados usados na rua foram limitados à porta de casa, assim como o uso da máscara provou ser a melhor solução para proteger quem usa e quem se aproxima. Mas foi nas relações sociais que houve um impacto mais significativo, desde a ausência do abraço até o sorriso escondido, esfriando encontros antes mais efusivos. O medo da Covid-19 alterou o comportamento, levando a gestos mais contidos e esfriando o desejo de estar acompanhado.
Aumentou a coesão familiar, assim como surgiram os conflitos na convivência intensiva a partir do começo da pandemia. Quando alguns saiam e cumpriam suas atividades fora de casa, o fôlego na rotina conjunta aliviava cobranças, críticas e tensões, normais em família, mas acirradas neste ano de intenso home office. Por outro lado, ajustes para o trabalho online daqueles que puderam seguir em frente, trouxe necessárias adaptações técnicas e logísticas, considerando principalmente a necessidade de ambientes adequados para reuniões e apresentações em geral. Além de minimizar ruídos externos e manter uma iluminação adequada, preservar a privacidade e manter-se confortável por longos períodos foram desafios enfrentados por muitos.
Aspectos que pareciam secundários nos ambientes residenciais mostraram-se importantes a partir de então. Espaços destinados às entradas das residências passaram a receber uma área para troca de calçados, tanto para moradores quanto para visitantes. Assim, configura-se uma região considerada “suja”, entre o público e o privado, com material de limpeza e desinfecção facilitando o processo de guardar. Já é comum em países orientais, era adotado por quem percebia que o calçado vindo da rua traz impurezas para dentro de casa e, ainda, há quem considere que energias que são trazidas nos sapatos não devem circular onde se espera paz, harmonia e amor. Enfim, sejam por quais motivos, sapatos estão destinados a permanecer perto da porta e jamais voltarão aos dormitórios.
Neste final de ano atípico, quando as confraternizações estão comprometidas pelo necessário distanciamento para prevenir a infecção pelo coronavírus, reuniões em família podem acontecer, mesmo sem abraços e beijos. Ficando cada um na sua própria casa, os recursos de vídeo e mensagens de áudio podem trazer o calor da lembrança para as pessoas queridas. Os que puderem se deslocar na cidade, levam consigo um calçado limpo para trocar na chegada, mantendo o conforto e garantindo que o ambiente não seja infectado. Toalhas de rosto podem ser de papel, assim como as refeições devem ser servidas porcionadas por alguém que lave muito bem as mãos antes de fazê-lo, atitude tomada igualmente por todos que tocarem os talheres de servir. Se possível, usar utensílios descartáveis também diminui o risco, mas é preciso evitar muita proximidade em ambientes fechados. Cuidados simples e viáveis, que alteram as cores das festas tradicionais, mas ainda permitem que os mais isolados possam conviver em família.