O modo como atualmente usamos o telefone celular caracteriza-se como meio ou barreira de comunicação?

Recentemente, viralizou na internet o videoclipe criado por Steve Cutts com a música Are You Lost in the World Like Me?, do grupo Moby e The Void Pacific Choir. O conteúdo versa sobre o uso intensivo do celular, não mais como instrumento de telefonia mas, principalmente, como dispositivo de acesso às redes sociais e usado para comunicação por texto. A questão central é a falta de contato entre pessoas que podem estar lado a lado mas, mesmo assim, estão enviando e recebendo mensagens a todo instante, tornando a convivência algo a cada dia mais disperso e silencioso. Muitos preferem os fones de ouvido, o que ainda dificulta ainda mais o contato, caracterizando um certo desejo de deslocar-se virtualmente do mundo real que os cerca. Assim, como pensar em interações geracionais? Avós e netos, como ficam?

Ao revisar a evolução do sistema de telefonia percebemos o quanto influenciou no comportamento dos indivíduos: ter um telefone em casa, daqueles com disco e próximo da parede preso por um fio, já era um avanço enorme, pois facilitava a comunicação entre pessoas com as quais havia laços de carinho. Depois, uma base com fio mas um telefone que podia acompanhar o usuário pela casa, uma maravilha! De repente, surge a telefonia celular com aparelhos popularizados, apesar de caros, pesados e com carga que obrigava a trocas constantes de bateria. Não muito depois os dispositivos começam a diminuir e a recarga depende apenas de um conector e uma tomada. Mais rápido ainda surgem os smartphones, com câmeras de boa resolução, acesso à internet e recursos práticos para guardar informações importantes. Podemos dizer que são minicomputadores que telefonam! Atualmente ouvimos com frequência que idosos têm muita dificuldade no manejo de dispositivos a cada dia mais complexos, especialmente porque esses smartphones trazem uma infinidade de possibilidades em aplicativos e acesso pela internet.

A disseminação de wifi disponível ao público em lugares variados também vai estimulando ao uso que, se de um lado garante maior precisão aos encontros, por outro pode significar que não somente dois estarão lá, mas muitos mais poderão chamar, enviar posts variados, notícias e outras informações, distraindo o usuário a ponto de afastá-lo do compromisso inicial. Percebe-se isso em restaurantes, onde até casais deixam de dialogar para concentrarem-se em seus mundos virtuais repletos de “amigos egoístas” que os querem para si. Quem vicia na necessidade de sempre vigiar se novas notícias estão chegando deve perceber que isso fragiliza as relações, antes não invadidas por participantes virtuais. O whatsapp, e outros que surgem a seguir, tornou ainda mais ágil a troca de informações e a formação de redes, tornando os contatos virtuais um meio de demonstrar o quanto lembramos de pessoas queridas, especialmente idosos. Mas isso não substitui o abraço, o carinho e o olhar. Desligar o celular pode significar que estamos presentes e vivos: fundamental para quem espera nossa presença plena nos encontros.

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