A aposentadoria torna os sujeitos mais suscetíveis a permanecerem em casa em detrimento da convivência social?

De acordo com a pesquisa “Hábitos dos 50+: um estudo sobre como os maduros consomem” (MindMiners & Hype 60+, 2018), o perfil dos aposentados contemporâneos sugere que há um mercado latente de consumidores em busca de atividades para o preenchimento do tempo livre, com destaque às mulheres, que em geral são mais ativas que os homens.

As mulheres na maturidade vivem uma fase de liberdade. Passeiam com as amigas, fazem trabalho voluntário, se divertem na academia e não param em casa.

Recolher-se em casa pelo sentimento de inutilidade que a aposentadoria imprimia nos indivíduos, geralmente homens que assumiam o total provimento das necessidades da família, trazia consigo consequências funestas tais como depressão, obesidade e isolamento social. Daí surgiu o termo “Casa de Repouso” para as moradias institucionais, considerando a ideia equivocada de que a aposentadoria era o momento de descansar, após tantos anos trabalhados.

‘Aposentado’, em sua origem, consiste naquele que vai para o quarto, aposento, e se retira, sem utilidade para a sociedade. Esse termo é carregado de estereótipos e os “novos maduros” já não se reconhecem nele. Na pesquisa, vários respondentes disseram que, apesar de aposentados, continuavam trabalhando, ajudando familiares e se dedicando a hobbies. Para eles, a aposentadoria hoje representa uma passagem para uma nova fase da vida, cheia de descobertas, e não o final dela.

Um envelhecimento ativo envolve não somente manter-se fisicamente condicionado, mas também socialmente envolvido, trocando experiências que possam justificar uma vida produtiva e interessante. Trabalhar para auferir retorno financeiro ou para oferecer voluntariamente alguns produtos através de habilidades e competências desenvolvidas até a aposentadoria mantem a autoestima e preenche o tempo com atividades úteis. Do mesmo modo, ajudar familiares e amigos quando necessitam faz com que haja sensação de utilidade, garantindo satisfação. Também dedicar-se a atividades culturais ou de lazer possibilita o crescimento pessoal, pois há sempre o que aprender e trocar com outras pessoas, fortalecendo ou criando novos vínculos.

Os maduros estão vivendo cada vez mais sozinhos, seja por viuvez, pelo ninho vazio ou separação. As casas são em sua maioria, próprias, o que garante que a renda que possuem possa ser usada para gastos pessoais e não com aluguel.

É preciso evitar a solidão vivendo a velhice de modo digno, produzindo subjetividades através de encontros substantivos e oferecendo à sociedade soluções resultantes de experiências construtivas. A convivência social possibilita a criação de oportunidades, mas é preciso estar atento e disponível para perceber o quanto a moradia é um refúgio, mas para recarregar as baterias e seguir vivendo ativamente, em busca da realização pessoal.

4 comments on “A aposentadoria torna os sujeitos mais suscetíveis a permanecerem em casa em detrimento da convivência social?

  1. Linda reflexão. Acho apenas que a referência de idade está um pouco baixa . Visto que em uma grande maioria as pessoas só conseguem aposentar acima dos 60 anos.
    Outra grande preocupação que tenho e perceber pessoas aposentadas em total reclusão.
    Sei que existem instituições tipo Sesc que incentivam esse convívio e essa nova vida. Porém nem todos tem a mesma vontade .
    Acho que a solidão é a pior parte da vida.

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