Embora ainda seja necessário muito cuidado quanto ao uso de máscaras, mesmo evitando lugares com aglomeração de pessoas, há um declínio significativo no número de casos e de óbitos. A vacinação potencializou a resistência ao vírus, promovendo quadros menos graves mesmo quando há a infecção pelo coronavírus. A perspectiva é de que ainda teremos variantes desse e de outros vírus, o que exigirá atenção constante dos órgãos de controle da saúde pública.
Têm sido amplamente divulgadas as consequências desse período tão grave que a humanidade passou. Além da infecção e sequelas muitas vezes impactantes para a continuidade da vida, a morte incontornável para os mais frágeis, de crianças a idosos, deixou famílias imersas no luto e no medo. Além disso, as consequências econômicas da perda de empregos e do poder de compra provocou necessários novos arranjos familiares para suportar essa fase tão dolorosa e inquietante. Como agravante, as variações no fornecimento de alimentos, gás e outros produtos básicos fez com que o real desvalorizasse diante do dólar, acarretando alta de preços e mudanças nos hábitos de consumo.
Mas, em função desses fatores, o que mais marcou a vida de muitas famílias foi o distanciamento social, culminando no comprometimento da saúde mental a partir de quadros de depressão, pânico, somatização e distúrbios do sono. Apesar da intensificação das videochamadas, com aulas tanto síncronas como assíncronas e reuniões remotas, a falta do abraço e do olhar direto diminuiu a humanização das relações sociais. Pessoas idosas foram impedidas de conviver com muitos entes queridos como forma de prevenir o contágio, e esse afastamento gerou o temor da perda da afeição e da atenção.
Usufruir dos lugares públicos é um meio de socialização muito importante para criação de vínculos, geralmente na vizinhança, gerando senso de comunidade e estimulando caminhadas, mesmo que para frequentar o comércio próximo. Em praças e outros lugares de estar ao ar livre, a convivência com outras pessoas idosas e entre gerações traz perspectivas positivas para laços que estimulem a sair de casa para atividades em grupo. Mantem a memória ativa, exercita a cognição e enriquece culturalmente, criando assuntos que passam a ser compartilhados com a família, o que estende ainda mais as relações sociais.
Especialmente para pessoas idosas, passear em museus e parques, frequentar cinemas e teatros, encontrar amigos em cafés e confeitarias, além de criar trajetos de caminhadas pelo prazer da contemplação e do exercício físico, são motivações que podem facilitar a volta a rotinas anteriores à pandemia. Muitos perderam esses hábitos e sentem-se desafiados a retornar a lugares com muita gente, mas com os cuidados essenciais isso já é possível e pode evitar o sentimento de solidão e a percepção de doenças, muitas delas imaginárias. Com o relaxamento previsível no final da pandemia, o retorno ao convívio em lugares públicos será o primeiro passo para readquirir a confiança de que o pior já passou e que o chamado “novo normal” já começou.